Hoje foi dia da feira aqui na minha rua. Porque inventei de fazer uma torta salgada para o almoço, decidi ir até lá, comprar milho verde. Nestes últimos 4 anos o preço do milho (não só do milho) subiu muito, aumentando o preço de outros produtos que podem mesmo ser considerados essenciais, como a pamonha, por exemplo. Mas esse é já outro assunto.
Cheguei à feira. Na primeira banca, milhos bem verdes, no
ponto para a torta que eu imaginei. Perguntei ao rapaz pelo preço. Quatro por
dez, respondeu. Ui! A escalada do preço não conhece recuo. De sete espigas por
dez, não faz muito tempo, passou a seis, a cinco e agora quatro espigas pelo
mesmo preço. R$ 2,50 é o valor de cada espiga.
Segui pela feira, buscando outros poucos itens, e também
outras bancas com milho. Não havia: ele era o único vendedor de milho ali. Na volta,
disse-lhe que precisava do milho, mas estava muito caro. Que estava cara para
ele também, respondeu-me, explicando que as vendas cobriam apenas as despesas
dele. Pensei na torta, e decidi trazer as espigas, apesar de tudo. Então pedi a
ele que escolhesse para mim. Ele disse para eu escolher. Então respondi o
senhor escolha como se fosse escolher para o senhor. Ele pensou um pouco. Posso
lhe dizer uma coisa? Que sim, respondi. Se fosse escolher para mim, eu não comprava...
Ele falou sério. Senti que estava desolado com tudo. Depois decidiu escolher, e
separou logo seis espigas no lugar de quatro. Eu lhe disse mas assim não, o senhor
fica no prejuízo. Ele disse que não, as espigas eram pequenas, os compradores
nunca escolhem aquelas e ele acaba perdendo. Cortou os grãos, embalou,
conversando comigo sobre a gravidade da situação econômica.
A torta até que ficou bem gostosa. Mas eu só usei a metade
do milho já pouco: a outra metade, reservei para outra receita.
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