Preciso pensar um pouco sobre os modos como eu tenho cumprido alguns rituais de passagem. Por vezes, tenho a impressão de que as
celebrações, o espetáculo desses momentos perde um pouco em importância para
mim, que já estou pensando nos próximos processos a serem deflagrados. Já me
ocupo deles. Afora isso, por ter atuado em teatro por tanto tempo, nas encenações vivi todos
os rituais, as personagens e as celebrações possíveis... Talvez me tenha
saciado.
Terá sido assim, quando, no último dia 13 de novembro, eu deveria
estar numa sessão solene em comemoração aos 50 anos da UFG, quando um grupo de docentes,
discentes e funcionários da área administrativa seriam homenageados. Eu estava
nessa relação. Mas também presidiria uma banca de defesa de doutorado no mesmo
horário, uma tese belamente escrita. Fiquei com a banca, faltei à sessão de homenagem.
O cerimonial me informou que eu deveria ir à reitoria para pegar meu certificado.
Eu o fiz, quase uma semana depois. Quando lá cheguei, o setor estava
completamente vazio. O cenário era no mínimo intrigante: salas sem ninguém. Fiquei parada em meio
ao corredor, observando e pensando no que deveria fazer. Alguns minutos depois, apareceu um
senhor. Relatei o que desejava, ali. Ele ficou em dúvida sobre como proceder. Os
demais todos estavam em reunião, noutra área da reitoria. Depois de procurar um tanto, encontrou os certificados sobre uma mesa, junto à relação dos homenageados. Identificou meu nome, entregou-me o certificado. Ficou
em dúvida se eu deveria receber também o troféu. Verifiquei no e-mail que me
haviam encaminhado. Sim, eu tinha direito ao troféu. Recebi das suas mãos, e
segui, pelo corredor vazio, com minha alegria pela homenagem. Foi tudo.
Mas também não foi diferente quando tomei posse na mesma universidade,
há quinze anos. Depois de ter atravessado, em Brasília, um primeiro semestre de 2004 cheio de surpresas e desafios, naquele mês de julho, recém-chegada a Goiânia, numa manhã, trajando uma calça jeans e uma
camiseta branca, cheguei à mesma reitoria. Onde se toma posse? Perguntei a alguém
nalgum corredor. Alguém me apontou o departamento. Dirigi-me até ali. Em poucos
minutos assinei o termo de posse, depois dirigi-me à faculdade e entrei em exercício. Tudo
na mesma manhã. Quando retornei para casa, já na condição de professora efetiva
da UFG, meu marido me aguardava, com terno e gravata devidamente preparados,
para acompanhar minha posse, que já tinha acontecido. Levei um susto: seria um
momento para ser tratado com tanta deferência? Talvez sim.
Desde então, tenho acompanhado outros e outras docentes
tomando posse, em momentos esfuziantemente celebratórios. Nenhum problema nisso.
Eu é que talvez seja talhada com outro perfil. Não por menos intensidade. Mas
por outras formatações.
Um critério de medida que talvez funcione melhor para mim: Quanto
mais singelo, mais fundamente se fixa na experiência sensível, e no fundo do
coração...
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