sábado, 21 de setembro de 2013

Cenas goianas


O trânsito naquele setor da cidade, no sábado pela manhã, é insano. Lojas que vendem de tudo ficam apinhadas de pessoas, e as ruas apinham-se de carros, bicicletas, gentes a pé, caminhões... O sol escaldante completa o ambiente, banhando de suor todos quantos estejam fora de salas com ar condicionado.

Fui a uma galeria com armarinhos. O taxista, que é um amigo querido, encostou o carro numa esquina próxima, mal posicionado, abriu as portas, e ficou ali do lado de fora, observando o movimento, enquanto chupava um picolé para refrescar.

Providenciei o que precisava, e retornei, com três sacolas pesadas. Embarcamos no carro, para prosseguir. Ele girou a chave na ignição. O motor reagiu, sem força, e não deu partida. Ele girou a chave pela segunda vez, sem obter qualquer resposta. “Ih, esta bateria me deixou na mão...”, constatou. “Ontem ela já fez isso, mas era num lugar onde dava para pegar no tranco. Aqui... vai ser difícil”. Olhei à volta, e constatei que, de fato, seria difícil empurrar algum carro em meio àquele trânsito, para pegar no tranco. Ele passou as mãos no rosto, como a buscar alguma solução, enquanto eu ria. Mas nem ele nem eu tivemos muito tempo para pensar. Do meu lado, um homem alto se aproximou, acenando para alguém atrás do carro: “Fulano, ajuda a empurrar este carro aqui!”. Mal ouvi a frase, e o carro já começou a rodar, empurrado pelos dois desconhecidos. Que susto! O taxista rapidamente engatou a segunda marcha, e em questão de segundos o carro já seguia entre o fluxo de carros da rua congestionada, funcionando normalmente. Não tivemos tempo para dizer "Obrigado!"

Claro está que um carro parado ali, à espera de socorro, era problema para todos os trabalhadores do lugar bem como para os que por ali passassem. Mas também claro está que a disposição e a prontidão para ajudar transbordava ali naquele momento. Não temos a menor ideia de quem fossem os dois colaboradores. Sequer vimos seus rostos.

Em nome deles, minha gratidão e respeito a todos quantos sigam pelas ruas, prontos a ajudar, anonimamente, pela mera disposição para que o mundo seja, ao menos, um pouco melhor.




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