O taxista era dos conversadores. Puxou prosa, e logo lhe
informei que eu era professora. Falei-lhe sobre a universidade, a área de
artes, e não deixei de referir minha formação também em sociologia. De artes,
ele julgou entender. Quem não ouve música, vê filmes, novelas e shows na TV,
tem algum artesanato em casa? Mas sociologia era uma palavra cujo significado
lhe escapava ao repertório. O que é o
sociólogo, o que faz, perguntou. Ele tenta
compreender as relações entre as pessoas vivendo na sociedade, em coletivo.
O taxista buscou, então, um paralelo com alguma referência entre as profissões que
conhecia. É como um psiquiatra, então!
Animei-me com a conexão estabelecida. O
psiquiatra se ocupa das pessoas, individualmente; o sociólogo quer saber como o
conjunto de pessoas desenvolve suas atividades, e as questões que decorrem dos
modos como o conjunto de pessoas, em sociedade, se organiza. Ele silenciou
por algum tempo, para então decretar uma questão
da sociedade é a droga, essa sim é um problema! Concordei com ele. Essa, por exemplo, é uma questão que importa
aos sociólogos, pensando em termos da sociedade.
Ele fez mais uma pausa, para então confessar eu tenho um irmão que nós perdemos para a
droga. E prosseguiu a droga destruiu
a família dele, as economias da família, hoje é como se os filhos não tivessem
pai. Ele já está com mais de 40 anos, e não consegue sair da droga. Não tem jeito, mais.
Nem o psiquiatra deu conta...
A pausa que se seguiu pareceu me inquirir se essa seria uma causa
a ser tomada por algum sociólogo. Sinto,
muito, senhor, foi o que pensei, sem coragem de pronunciar. Tampouco sociólogos,
tampouco sociólogos dariam conta...
Chegávamos, já, ao aeroporto.
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