quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Duas candidatas, uma escolha

Para Kassia 

A primeira candidata, pele morena, etnia indígena, trouxe suas inquietações para compartilhar nas provas do concurso. Falou dos desafios de ser mulher indígena, vivendo fora da aldeia, em grandes centros urbanos; contou sobre seu trabalho com cerâmica, discutiu as relações colonizadoras da arte hegemônica. A segunda candidata, branca, filha de pai europeu, trouxe um discurso sobre decolonialidade, referenciado eu autores de língua inglesa, conhecedora de obras reconhecidas internacionalmente sobre o assunto. Defendeu posições autorreferidas como refratárias ao sistema da arte, apresentou um portfólio razoável de exposições. Foi assertiva em suas defesas.

 

A avaliação considerou o ponto de vista que, aparentemente, se articularia melhor com o projeto do mundo acadêmico. A banca aprovou a candidata que discursou sobre decolonialidade, e reprovou a candidata que trazia a decolonialidade no próprio corpo.

 


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