Para Kassia
A primeira candidata, pele morena, etnia indígena, trouxe
suas inquietações para compartilhar nas provas do concurso. Falou dos desafios de
ser mulher indígena, vivendo fora da aldeia, em grandes centros urbanos; contou sobre seu trabalho
com cerâmica, discutiu as relações colonizadoras da arte hegemônica. A segunda
candidata, branca, filha de pai europeu, trouxe um discurso sobre
decolonialidade, referenciado eu autores de língua inglesa, conhecedora de
obras reconhecidas internacionalmente sobre o assunto. Defendeu posições autorreferidas como
refratárias ao sistema da arte, apresentou um portfólio razoável de exposições.
Foi assertiva em suas defesas.
A avaliação considerou o ponto de vista que, aparentemente, se
articularia melhor com o projeto do mundo acadêmico. A banca aprovou a candidata
que discursou sobre decolonialidade, e reprovou a candidata que trazia a
decolonialidade no próprio corpo.
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