Era cedo ainda. Ouvi várias pancadas contra alguma
superfície densa de metal, acompanhadas de vozes masculinas exaltadas. Havia uma
briga em curso. Uma das vozes ganhou mais volume que a outra, gritando Polícia,
polícia, polícia! A discussão teve prosseguimento, e algumas vezes a polícia
era evocada, em vão. A briga foi perdendo volume, até que a rua retomou
relativa calma.
Algum tempo depois, repetiram-se as pancadas. Vozes exaltadas
voltaram a reverberar entre os edifícios. Dessa vez, uma voz masculina e outra
feminina. A mulher não chamou a polícia, mas exaltou-se muito, aos gritos, com xingamentos
de toda ordem.
Algumas pessoas aglomeraram-se à beira de uma calçada, para ver
o que se passava, fora do campo de visão desde o vão entre os prédios.
Ao longe, a música ligeira do caminhão de lixo reciclável
sinalizava sua passagem. O som aproximou-se e foi se distanciando, rapidamente.
Não demorou para que mais uma vez se ouvissem pancadas, e
uma terceira voz, também feminina, bradasse em confronto com a mesma voz
masculina.
Ao longe, o som do caminhão que coleta lixo reciclável
continuava seu caminho, acompanhado da música inconfundível.
Cerca de duas horas depois, o som da sirene da viatura policial ocupou todo o espaço entre os edifícios, e em torno, e além. Já não havia pancadas, nem gritos...
Em que dias passa o caminhão de coleta para a reciclagem da
sociedade?
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