sábado, 22 de abril de 2017

Meu guia por territórios mágicos

p/ David

Eu tinha seis, sete, oito anos. Por vezes, meu pai me chamava para ir com ele buscar lenha, ou o milho maduro, já devidamente quebrado e reunido em grandes montes, no meio da roça. Ou mandioca, bananas, melancia... Íamos de carro de boi. Na ida, o carro ia vazio, e os solavancos do solo irregular nos jogavam de um lado para o outro, na caixa de madeira sobre rodas. Na volta, o carro pesado são sacudia tanto. Mas os bois sofriam mais.

Passávamos por dentro da mata. A mata estava bem ali, próxima. Mas era outro lugar, com outros tempos e outras temperaturas. A mata era um território mágico. Eu me sentia segura levada por ele. Ele conhecia os caminhos, as árvores, os sons, os perigos e as rotas sem risco. Ele era o senhor de suas cartografias.

Já se passaram 39 anos desde que ele se se foi, por outras matas mágicas, sem caminhos de volta.





Nenhum comentário:

Postar um comentário