Eu tinha seis, sete, oito anos. Por vezes, meu pai me
chamava para ir com ele buscar lenha, ou o milho maduro, já devidamente
quebrado e reunido em grandes montes, no meio da roça. Ou mandioca, bananas,
melancia... Íamos de carro de boi. Na ida, o carro ia vazio, e os solavancos do
solo irregular nos jogavam de um lado para o outro, na caixa de madeira sobre
rodas. Na volta, o carro pesado são sacudia tanto. Mas os bois sofriam mais.
Passávamos por dentro da mata. A mata estava bem ali, próxima.
Mas era outro lugar, com outros tempos e outras temperaturas. A mata era um território
mágico. Eu me sentia segura levada por ele. Ele conhecia os caminhos, as
árvores, os sons, os perigos e as rotas sem risco. Ele era o senhor de suas
cartografias.
Já se passaram 39 anos desde que ele se se foi, por outras
matas mágicas, sem caminhos de volta.
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